Semana 4: contra o tempo
Esta semana de trabalho começou diferente. Os dias já eram mais quentes, íamos menos agasalhados ao sítio e o sol começava a esquentar mais rapidamente. O fim da campanha se aproximava e isso levava a uma mistura de emoções: felicidade pelo trabalho realizado, ansiedade pelo que ficava para a próxima campanha, alegria de pensar em reencontrar nossas famílias, tristeza porque alguns/algumas integrantes já iam se organizando para deixar todos os seus registros terminados e voltar a seus lares.

Chegando ao sítio, éramos recebidos por Nasher com seu enorme sorriso, disposto a nos ajudar a tirar as caixas da TT129, já que guardávamos tudo ali: os macacões de proteção, as luvas e máscaras para ingressar na tumba, utilidades e, inclusive, o que se extraía da peneira e já estava classificado em bolsas. Uma vez que terminávamos de organizar, Nasher nos preparava o delicioso chá egípcio, com o açucareiro e a colher nas mãos, nos perguntando quantas colheradas gostaríamos. Ao que respondíamos athnan (duas), o que sempre o fazia sorrir porque nunca o pronunciávamos bem.


Enquanto isso, seguimos com a elaboração da planta para conhecer as dimensões e a setorização do monumento. Medidas continuaram a ser tomadas, sempre localizando o Norte com a bússola, para determinar a localização da tumba e da porta de acesso à mesma, que atualmente se encontra debaixo de uma grande quantidade de terra e que esperamos poder liberar em uma futura campanha.

A tumba tem forma de T invertido, ou seja, a porta está localizada aproximadamente a um metro a leste de onde se encontram as linhas do T. Acreditamos que foi bloqueada depois do século XIX, quando foi visitada por Champollion, já que ele mencionou a porta.
Hoje, se olharmos a entrada a partir do interior do monumento, vemos que foi bloqueada com pedras empilhadas. Como havia um pequeno deslizamento, no início da campanha foi feita uma parede com mouna (mistura de barro e água), para evitar qualquer contratempo.


Uma sequência fotográfica foi realizada no interior da tumba pela equipe destinada a isto. Foi um trabalho minucioso e esgotante, já que o espaço é estreito e a falta de luz natural fazia com que os refletores estivessem sempre ligado, irradiando muito calor, a que se somava o número de pessoas para segurá-los quando não era possível utilizar os tripés.
Esta sequência fotográfica, realizada por profissionais, permitirá o estudo das cenas e dos textos já não in situ, mas a partir de nossos locais de trabalho na Argentina e no Brasil.

A equipe de conservação começou a aplicar tiras de papel japonês com CMC (CarboxMetilCelulose) ou Klucel®-G naquelas zonas das paredes e tetos que denotavam fragilidade. Este papel e os adesivos mencionados seguram os fragmentos e evitam que se desprendam da superfície até que se executem os tratamentos de consolidação.

